Mundo Antigo / Mediterrânico
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Mundo Mediterrânico
Olá amigos e leitores que tal falarmos um pouco sobre o mundo mediterrânico e suas relações?
Eu sou o Álisson Farias e sejam bem vindos ao: Que história é essa? 😉
O Eurocentrismo
Abriremos este assunto com uma discussão a respeito do mundo mediterrânico e o Eurocentrismo; no estudo do conteúdo histórico nas escolas e até mesmo o seu espaço ocupado nas grades curriculares dos cursos de graduação em história, vemos nitidamente a grande importância do conteúdo, porém, nos traz a observação sobre o fato de que esta perspectiva de mundo e sociedade vem sendo vista como a história das sociedades atuais, nos dando uma perspectiva unicamente Europeia sobre as relações da sociedade em que vivemos, sem levar em muita consideração as demais civilizações antigas como o Egito, alguns países africados, Árabes, Asiáticos, Indianos e Chineses que são tão antigos quanto os Europeus, que possuem também uma dada influência nos nossos costumes e nos próprios costumes mediterrânicos, porém, não recebe importância relativa a sua real influência nas sociedades atuais, desde a tecnologia como a conhecimentos históricos e filosóficos.
Seguindo este raciocínio nós compreendemos que a história das sociedades do mar mediterrâneo, da Grécia e Roma não são necessariamente as histórias das sociedades.
A necessidade do estudo
Contudo compreender este estudo é essencial para o entendimento de uma parte significativa de quase tudo o que se vive hoje, a exemplo das relações políticas, como o desenvolvimento da Democracia, as relações de escolha e de posicionamentos hierárquicos e diferenças de classes que se refletem bem no nosso cotidiano, o que nos traz ao fato de que é sim necessário o estudo destas civilizações para uma melhor compreensão do mundo em que vivemos, porém, deixando clara que esta não é a única parte que deve ser estudada.
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Imagem extraída de Saraiva.com |
É preciso que tenhamos uma boa compreensão do que foi este momento na história, para que possam interpretar e compreender os processos da apropria atualidade, entender como se deu o processo de povoamento e socialização a partir das margens do mediterrâneo, os surgimentos das civilizações e também os processos de exploração.
O Mundo Mediterrânico
O formato da geografia do Mediterrâneo e suas divisões, os métodos e possibilidades das navegações por este mar e sua facilidades para o contato entre todos os povos que viviam e controlavam estas margens “ [...]As comunicações por mar são mais rápidas do que por terra” (p. 51) a pesar das distancias podemos ver que estas civilizações a partir do mar se conectavam entre si permitindo assim todos os processos entre elas.
As produções agrícolas em nenhuma região era suficientemente forte devido ao clima, o que criava uma maior dependência entre as regiões; todas as comunidades eram interligadas entre si formando uma grande teia de relações.
Criando assim, a possibilidade de exploração dos povos a partir de uma "obrigação" do cultivo de uma única cultura, estocar suprimentos em outras áreas e a venda ou troca de certos produtos em áreas onde aquele seria mais escasso para obter maiores lucros; situações estas criadas e controladas pelos detentores do poder em cada período.
Estes povos eram movidos pela colonização e também pela escravidão (que ainda não era a mesma escravidão racial que vem surgir por volta dos séculos XIV e XV com as grandes navegações). Tudo isto possibilitando-se devido a possível conectividade entre estes povos mediterrânicos. “[...] A ideia de conectividade foi rapidamente associada ao desenvolvimento da internet. Como se o mediterrâneo fosse um espaço de comunicação sem fronteiras.”. (p. 52)
Podemos notar que as relações mediterrânicas sofriam algumas mudanças com os anos, porém, segundo Guarinello não podemos relacionar estas mudanças como uma mudança progressiva, com grande integração ao longo do tempo. Afirmando isto a partir da ideia de que muitos historiadores acreditam que para haver uma integração social, esta só se daria a partir de uma economia mais ampla e talvez até global. É defendido a economia antiga como simplesmente circunscrita e local sem muitas mudanças na vida dos cidadãos antes do surgimento do capitalismo. “ Os Estados podiam ser pequenos, como uma cidade, ou grandes, como um reino ou império, mas para camponeses e artesãos a vida consistiria em pagar taxas. [...]” (p. 53). Este ainda era um mundo imperialista e não sistemático para estes muitos historiadores.
Afirma que é importante a observação da longa duração, como um período de acumulo de ralações que faziam as mudanças que devido ao tempo para tal estas não interferiam de forma drástica nas relações. Vemos que este período não foi imutável, mas sim um longo período que gerou mudanças num longo período de tempo.
As relações mediterrânicas
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Imagem extraída de Historia Zine |
Estas relações não eram como a atual globalização onde todos são parte e podem ser facilmente influentes na economia e as relações se dão quase que instantâneas, porém, podemos notar sim esta evolução, esta mudança no comportamento e no envolvimento das comunidades entre si. “ [...] no Império Romano ( i-v d.C.) havia uma articulação muito maior entre essas comunidades – bem como centenas de outras, distantes do mar, do que no chamado período homérico (viii-vii a.C)” (p. 54) A questão maior nesta situação é entender como se deu esta integração, levando em conta as relações crescente entre as fronteiras internas das comunidades internas e entre as comunidades externas, as fronteiras que separam os que controlam o poder e os homens, a terra, a produção e os bens produzidos.
Tendo sempre como fator central a maneira que a terra é apropriada, a exploração do trabalho, a tecnologia disponível, a relação agrícola e o pastoreio que geralmente era uma reserva dos mais ricos como os comerciantes.
Retomando um pouco as antigas relações e integrações dos
povos no mediterrâneo “O mar mediterrânico vem sendo atravessado pelos seres
humanos há muitos milênios, mesmo antes da invenção da agricultura. “ (p. 55) Guarinello fala sobre esta integração a muito antes dos Gregos e Romanos e relata o
encontro de objetos produzidos a partir da obsidiam que é uma espécie de pedra
vulcânica, negra, vitrificada que foi muito utilizada para produção de
instrumentos de pedra pois é bem resistente e possui um fio bem cortante, e
foram encontrados em sítios arqueológicos objetos com datação de mais de 10
mil anos, mostrando-nos assim uma antiquíssima relação entre os povos ao redor
deste mar, e a existência de uma possível integração que se deu ao longo de
muito tempo a partir das relações humanas que ali viveram.
Momentos de Rupturas
Existiram momentos que de ruptura, muitas vezes marcados por razões
naturais como terremotos e erupções vulcânicas, e por volta de 1400 a. C. Creta
foi ocupada por invasores micênicos. Porém segundo alguns arqueólogos e
historiados estes povos sempre conseguiam se reergue e retomar suas atividades
por volta do próprio período de ruptura.
Após os grandes colapsos sociais que deram fim a grandes
civilizações, o século XII a. C. foi um ponto de virada na história do
mediterrâneo, com o surgimento das futuras
navegações que viriam a explorar estes mares e fazer as novas ligações
entre as civilizações que estariam por ressurgir as suas margens.
A Mesopotâmia
e o Egito são exemplos de civilizações mais internas e até certo ponto
afastadas do mar mediterrânico que ainda dominavam as táticas de guerra, a
agricultura, as artes e a escrita.
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Imagem extraída de Conceitos.com |
As relações foram sendo retomadas entre os povos desta região “ [...]Uma novidade tecnológica fundamental foi o
apropriamento e a difusão da produção de ferro. [...]” (p. 60) A utilização do ferro na produção de
armas como espadas e lanças, da produção de utensílios, objetos decorativos e
joias a pesar do ferro ser um material de manipulação mais difícil era muito
mais abundante que o bronze e foi desenvolvido logo depois a mistura com uma
pequena quantidade de carbono que daria uma maleabilidade e resistência do aço
criando assim o aço mediterrânico.
A descoberta do ferro foi uma grande "evolução", este era muito mais abundante, possuía muito mais resistência e
capacidade de corte, as espadas foram umas de suas primeiras utilizações, assim como as lanças e materiais de guerra que agora cortavam além de furar, e o
material poderia ser usado nas mais diversas áreas cotidianas.
O império Romano
séculos depois da descoberta já passara a utilizar o ferro em quase tudo. A
abundância do ferro trazia uma capacidade de produção local e de surgimento de
profissionais individuais, o que fez com este se barateasse por estar sendo
acessível com facilidade por todos.
É
notável uma verdadeira revolução do ferro, de guerras bem armadas e de grande
desenvolvimento, denominada a Idade do Ferro.
Neste mesmo período surgiu a escrita alfabética que facilitou o contato entre
os povos e os barcos de tonelagem, para os transportes de mercadorias,
mercadores, artesãos, escravos e mais.
A partir do século IX a. C. as relações voltaram com uma nova amplitude,
porém, entre diversos povos distintos. Estes desenvolveram novas relações entre si
“ [...] as expedições comerciais e as colônias indicam que as fronteiras
internas de cada comunidade não estavam plenamente fechadas. ” (p. 63) as
relações se deram de forma mais ampla e os povos que habitavam a região se
conectavam e se misturavam, porém, sem perder ou se desfazer de suas próprias
cultura.
Novos templos surgiam em diversos lugares, os aspectos religiosos se
chocavam porem de forma que os ligava e não os separava, nos sítios
arqueológicos é comum se encontrar materiais de diversas culturas distintas nas
mesmas regiões, fortalecendo assim o aspecto de um grande contato de relação e
comercio entre os povos.
Só a partir do século VIII a. C. que surgiram as primeiras colônias,
colônias de povoamentos, a exemplo das colônias dos fenícios que foi uma das
primeiras.
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Imagem de Atenas, uma das mais organizadas Cidades-Estado |
Podemos observar que esta região se tornou muito diversa tanto de
povos como de cultura e religiosidade. “[...] Esse mundo de fronteiras ainda
abertas colocou em contato milhares de comunidades separas pelo mar,
articulando uma imensa diversidade de modos de vida. [...]” (p. 71). As
navegações e relações traz agora como resultado o surgimento das
Cidade-Estado ou Polis...
Seguiremos com Cidades-Estado e ou Polis nas nossas próximas publicações, espero que tenham gostado e que possam absorver ao máximo os conhecimentos aqui presente.
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Alisson Farias dos Santos, Graduando no Curso de História da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) – DCH Campus V.
Principal fonte de estudo: GUARINELLO,
Norberto Luiz. HISTÓRIA ANTIGA. São Paulo. Contexto. 2018. p. 47 - 126
Muito bom, me ajudou bastente, obrigada!
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